Linguagem teatral: representações e práticas teatrais
Beatriz
Chico Buarque
Edu Lobo
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida
Ao
deter-se diante do texto, percebe-se que o “será que” pode nos levar a um espaço
imaginativo, cênico e de um tempo ficcional e nos aproximar de outras
linguagens como a do fazer de conta e do teatro[1]. De acordo com Machado (2011,
p. 10), as seis características que se fazem presente no faz de conta e no
teatro são:
O “Agora
eu era...”, “Era uma vez, muito tempo atrás, muito longe daqui...”, “Quando eu
era”, o uso do corpo de modo integral e imaginativo, a corporificação de um “quem”
(que não sou eu, mas que está em mim); a composição a partir de combinados, de
uma narrativa a ser vivida, vivenciada pelos que combinam; a necessidade plena
da capacidade humana para a invenção; e a saída da vida cotidiana tal qual ela
se apresenta (uma espécie de suspensão do tempo e do espaço realista estrito
senso).
Essas características apresentadas poderão ser olhadas pelos educadores, os
quais, juntos com as crianças, poderão criar um roteiro a partir do que se
observa no cotidiano das brincadeiras, jogos e conversas. Sendo assim, esses
atores utilizarão os espaços da escola: sala de aula, pátio da escola, entre
outros para aproximarem-se da linguagem teatral que os conduzirão a um outro
lugar... e a um outro tempo... a partir de... num brincar de ser outro.
Para
SOLER (2011, p. 18), “quando uma criança na brincadeira de faz de conta assume
o papel de mãe, por exemplo, ela já está trabalhando com a linguagem teatral”. Logo
ao propor situações em que se possa enriquecer e aprofundá-las significa
fomentar o trabalho com o teatro na escola. Algumas dessas situações podem ser
trabalhadas a partir de jogos e improvisações, como: jogos de faz-de-conta, de
desenvolvimento da imaginação, de desenvolvimento de habilidades físicas e
vocais, da expressão corporal, dramatização de histórias, representação com
fantoches.
Nesse contexto em que envolve a linguagem teatral, os recursos
midiáticos colaboram para uma ação investigadora, permeada pela ludicidade do
ato de criar. Nos indicativos de São Paulo/SP (2008, p. 88), “filmar e
apresentar uma peça teatral[1] [...], pode ser o
resultado de todo um processo de aprendizagem que traz como pano de fundo o
mundo do faz-de-conta”. Ou seja, a tecnologia pode ser uma ferramenta importante na elaboração
de uma história, podendo o cenário ganhar destaque com o uso de outros recursos
tecnológicos na construção de cenários.ATIVIDADES COM CRIANÇAS
As atividades a serem propostas podem envolver brincadeiras que promovam o desenvolvimento do jogo simbólico e dramático, a exploração do seu próprio corpo com o fim à comunicação através de gestos, sons, movimentos e expressões faciais, brincadeiras que exploram atividades de equilíbrio do corpo como subir, correr, transportar objetos, etc.; ativa do meio ambiente, descoberta da novidade e do mundo exterior; das brincadeiras de imitação e iniciação das atividades de socialização, do imaginário: contar e inventar histórias, improvisação e teatro infantil.
1. Atividades de dicção
Sentimentos
|
Frases
|
Orgulho
|
Quem
manda aqui sou eu!
|
Cólera
|
Sai
da minha frente!
|
Calma
|
Tem
tempo, já vou...
|
Alvoroço
|
Incêndio!
Fujam rápido!
|
Alívio
|
Graças
a Deus!
|
Comando
|
Silêncio
|
Pedido
|
Por
favor, silêncio.
|
Ameaça
|
Se
não estudar, será reprovado!
|
Alegria
|
Como
estou contente
|
Admiração
|
Que
maravilha!
|
2. Faz-de-conta que vamos
fazer uma viagem (pode ser: uma festa de
aniversário, um almoço especial, ida às compras, conversa ao telefone, ida ao
médico, etc)
1.1.
Roda de conversa sobre uma viagem
1.1.1.
Escolhendo um local para a viagem
1.1.2.
Organizando um roteiro de viagem
1.1.3.
Fazendo as malas: escolhendo as roupas conforme o local e as condições
do tempo
1.1.4.
Viajando: o que encontramos, fizemos na viagem
1.1.5.
Voltando da viagem: o que fazer no retorno
3. ...
ATIVIDADES DA FORMAÇÃO
1.
Diagnóstico sobre as condições
para as manifestações teatrais na escola com crianças
Objetivo: Levantar as condições
existentes na escola para as manifestações teatrais com crianças, bem como as
práticas dos educadores que fomentam o desenvolvimento da linguagem teatral na
escola.
Produza
um texto síntese sobre as condições existentes na escola para as manifestações
teatrais nas escolas com crianças e poste-a na caixa do Comentário da guia Linguagem
teatral.
Para
orientar sua síntese, considere os questionamentos abaixo:
- A criança tem acesso a
materiais que propiciam as manifestações teatrais na escola, como:
tecidos, objetos antigos, fantoches, entre outros?
- As práticas teatrais
fazem parte do seu trabalho anual ou ela acontece apenas em ocasiões de
festas e de apresentações para a comunidade?
- As práticas teatrais
desenvolvidas com crianças possuem apenas função lúdica ou ela é também
educativa?
- De que forma o
trabalho com teatro pode contribuir para o desenvolvimento da criança?
Observação: Não se esqueça de colocar
no início do texto: Atividade síntese
e no final colocar seu nome. Além disso, leia as contribuições dos colegas e escolha uma para comentar.
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